American Express e a fraude do óleo de soja

Conheça a história do escândalo que quase levou a empresa à ruína nos anos 1960.

Fundada em 1850 por Henry Wells, William G. Fargo e John Warren Butterfield, a American Express é uma das companhias mais tradicionais do setor financeiro global.

Mas você sabia que no início da década de 1960 a empresa enfrentou um escândalo que quase a levou à ruína?

Para entender melhor o que uma empresa de cartão de crédito tem a ver com óleo de soja, precisamos voltar um pouco no tempo.

No final dos anos 1950, um grande negociante de commodities chamado Anthony de Angelis, mas conhecido como Tino, encontrou uma brecha para ganhar um dinheiro rápido no mercado da soja.

Sua empresa, a Allied Crude, negociava a compra e venda de grandes volumes de óleo de soja, e utilizava os tanques de uma subsidiária minúscula da American Express para armazenar o óleo.

Essa divisão da American Express emitia recibos de armazenamento, que declaravam quanto de óleo havia num tanque e como poderia ser comprado e vendido.

De Angelis usava esses recibos como garantia para tomar empréstimos bancários. Ele chegou a pegar dinheiro emprestado com 51 bancos.

Um belo dia, ocorreu a De Angelis que ninguém realmente sabia ao certo quanto de óleo de soja havia nos tanques. Então, ele teve uma ideia para inflar os números.

De Angelis percebeu que era preciso muito pouco óleo para enganar os inspetores.

Sendo assim, ele encheu os tanques com água do mar e colocou óleo apenas no tubo onde as amostras eram retiradas.

Além disso, ele começou a fazer transações no mercado futuro, alavancando ainda mais seus ganhos.

Enquanto ninguém percebeu que os tanques estavam cheios de água do mar, De Angelis foi tomando mais empréstimos.

Em 1963, porém, uma negociação entre o governo americano e a União Soviética derrubou os preços do óleo de soja no mercado.

Com a forte queda, De Angelis começou a sofrer chamadas de margem da sua corretora, a Ira Haupt & Co. Ele simplesmente não pagou e a corretora faliu.

Os credores de De Angelis, que agora possuíam certificados de armazenagem sem valor, contrataram investigadores e se voltaram contra a empresa que emitia os recibos para tentar recuperar os prejuízos de cerca de US$ 150 milhões. Foi quando a American Express descobriu que seus tanques estavam cheios de água do mar.

Quando o escândalo saiu na mídia, as ações da Amex chegaram a cair pela metade questão de poucos dias.

Eis que entra em cena um então desconhecido investidor de Omaha, chamado Warren Buffett.

Buffett, que na época administrava uma sociedade de investimentos de poucos milhões de dólares, começou a comprar as ações da empresa.

Um grande admirador da American Express, Buffett acreditava que o episódio da subsidiária da empresa envolvida no escândalo tinha pouco a ver com a qualidade da sua operação.

Sendo assim, ele começou a comprar as ações em um ritmo frenético.

No total, ele chegou a investir 40% do patrimônio da Buffett Partnership em ações da Amex, tornando-se dono de 5% da empresa.

Após a American Express arcar com o prejuízo dos credores de De Angelis e acabar com esse problema de uma vez por todas, as ações começaram a disparar.

A ação, que havia caído para US$ 35, logo atingiu US$ 50, depois US$ 60 e depois US$ 70.

Como era a maior posição de Buffett na época, ele ganhou muito dinheiro.

Só em 1965 ele teve um lucro de US$ 3,5 milhões com a operação, de um total de US$ 13 milhões investidos desde 1963.

De Angelis foi condenado a 7 anos de prisão.

Em 1994, Buffett voltou a comprar as ações da American Express, dessa vez através da sua holding, a Berkshire Hathaway.

Ele mantém a posição até hoje e atualmente é o maior acionista da empresa, com cerca de 20% do total das ações.

A American Express está avaliada em mais de US$ 140 bilhões na Bolsa de Nova York.

Fonte: A bola de neve: Warren Buffett e o negócio da vida

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