Lorenzetti: Um Banho de Qualidade

Em 2023, a Lorenzetti está completando 100 anos de história. Com uma trajetória repleta de inovação, pioneirismo e transformação, a empresa segue sendo líder no segmento de duchas, chuveiros, torneiras elétricas e aquecedores de água a gás depois de todo esse tempo.

Há dezesseis anos atrás, na China, funcionários da Lorenzetti passeavam pelos corredores do maior evento de comércio exterior do mundo. E para sua surpresa, o grupo deu de cara com um estande de sua própria empresa. Mas com um detalhe: a companhia não estava expondo naquela feira. Se tratava de um estande pirata, com todos os itens e produtos falsificados e ostentando o logotipo da marca na maior cara de pau.

Estande da Lorenzetti

Bom, o fato é que aquelas falsificações serviram, naquele momento, para provar uma coisa aos funcionários: a força da empresa que eles trabalhavam. E não é por menos, entre 2020 e 2022, essa mesma companhia teve um faturamento record acima dos R$ 2 bilhões e exportou seus produtos para mais de 45 países.

O início da Lorenzetti

A partir da década de 20, o Brasil viveu uma grande transformação devido a dois principais fatores: o início de sua industrialização e o fluxo imigratório. O país estava deixando de lado uma economia com grande dependência do comércio de café e da borracha para uma diversificação da produção de maneira rápida e dinâmica.

Antiga fábrica brasileira

Ao mesmo tempo em que, entre 1889 e 1930, ingressaram no país mais de 3,5 milhões de estrangeiros – principalmente espanhóis, italianos e alemães – que se aventuraram por toda a América, fugindo de uma Europa devastada pela guerra, dispostos a trabalhar e reconstruir suas vidas. Nesse contexto, o estado de São Paulo foi a principal região de atração de imigrantes no Brasil – com aproximadamente 57% do total de estrangeiros entrados no país. E foi assim que se iniciou a história da Lorenzetti.

O ano era 1923, quando o engenheiro civil Alessandro Lorenzetti saiu de Gênova, na Itália, para vir trabalhar nas obras do Porto de Vitória, no Espírito Santo, e na estrada de ferro Santos – Jundiaí, em São Paulo. No Brasil, ele permaneceu por vários anos, mas acabou retornando à Itália no início do século XX. O tempo que esteve em terras brasileiras foi suficiente para o jovem engenheiro enxergar grandes oportunidades em terras tupiniquins.

Alessandro Lorenzetti

Ao voltar a São Paulo, para tratar da venda de alguns terrenos comprados na época em que trabalhou nas obras do Porto, Alessandro se dá conta de que o país ainda não tinha uma fábrica de parafusos de precisão. Um item que era extremamente necessário para as máquinas industriais que surgiam na época. Vendo uma oportunidade, Alessandro, então, decidiu empreender ao lado do também italiano Carlo Tonanni, que juntos decidiram estabelecer uma sociedade em 1923. Assim foi fundada a Tonanni & Lorenzetti. 

A empresa ficava localizada em um prédio na Avenida Presidente Wilson, no bairro da Mooca, região que abrigava a maioria das indústrias da cidade. A pequena fábrica começou com apenas quatro funcionários e quatro tornos automáticos. Após alguns meses do início das atividades da empresa, chegam ao Brasil seus filhos Lorenzo e Eugênio que, juntos, continuaram o trabalho iniciado por seu pai Alessandro.

Com espírito empreendedor, os irmãos ampliam a área de atuação da empresa para outros componentes, como pinos, eixos e outras peças para a nascente indústria de máquinas do Brasil. Não demorou muito para começar a produzir bandejas para restaurantes, açucareiros, galheteiros, vasos de latão, acessórios de metal para cortinas, patins e isqueiros. As bases do que é hoje uma das maiores empresas fabricantes de metais sanitários e aparelhos domésticos do país estavam nascendo…

Foto da primeira fábrica da Lorenzetti

Crescimento

Como resultado do bom trabalho que executavam, em poucos anos, Eugênio e Lorenzo adquiriram a parte do sócio Carlo Tonanni. Nos anos seguintes, os irmãos continuaram a expandir seus negócios, já com a nova razão social Lorenzetti e Cia, permanecendo atentos às necessidades da época e buscando soluções rápidas e inovadoras. A empresa acabou se tornando pioneira na produção e comercialização de diversos produtos.

No decorrer da década de 30, a dupla começou a fabricar isoladores de disco de porcelana e ferragens para linhas de transmissão de energia. E inovaram ao produzir – pela primeira vez na América do Sul –  a resina conhecida como “baquelite”. Além disso, a Lorenzetti foi também a primeira no Brasil a fabricar motores elétricos de até 100HP.

Foto da linha de produção

Mas a 2ª Guerra Mundial trouxe grandes desafios para a empresa que, apesar das dificuldades, soube aproveitar ainda mais as oportunidades e acabou saindo fortalecida desse difícil período. Devido à escassez de gasolina, a Lorenzetti fabricou aparelhos que utilizavam o carvão como fonte de energia para o funcionamento de motores. Esse equipamento, conhecido como gasogênio, era instalado em veículos automotores.

Com a drástica diminuição do comércio marítimo, a empresa passou a fabricar os materiais elétricos que importava: interruptores, chaves, porta-lâmpadas, fusíveis, etc. A partir da incorporação dos novos produtos, a Lorenzetti acabou se transformando na maior fábrica de materiais elétricos de baixa tensão da América Latina. E no fim da década, a companhia já começava a se expandir comercialmente para toda a América do Sul.

Foto aérea da empresa

Já na década de 50, quando o fenômeno da urbanização das populações acontece e o mundo vive a euforia da recuperação econômica pós-guerra, a Lorenzetti vive, talvez, o momento mais importante de sua história até então: com o início da produção do chuveiro elétrico automático. O chuveiro elétrico já existia, mas a cada banho era preciso ligar e desligar uma chave. Lorenzo Lorenzetti, “metido a inventor”, como era chamado,  desenvolveu um chuveiro acionado pela força da própria água do banho. E não é exagero dizer que a empresa foi pioneira nesse segmento, se aproximando ainda mais da população brasileira.

Primeiro anúncio dos chuveiros elétricos

Depois, vieram derivados como torneiras e aquecedores elétricos e uma linha de equipamentos para média tensão. Na década de 70, a Lorenzetti lançou o seu primeiro chuveiro fabricado em termoplástico: a “Nova Ducha”. Um produto inovador pra época, já que iniciou uma nova geração de aparelhos domésticos – de preço mais acessível. E foi na década de 70 também que Eugênio e Lorenzo perceberam que o país iria crescer muito e precisaria, no mínimo, dobrar a capacidade de produção de energia.

Um tempo depois, o governo brasileiro criou um grupo de trabalho para tratar do tema e a Lorenzetti começou produzir equipamentos para as hidrelétricas que começavam a ser construídas. A companhia simplesmente deslanchou e, nessa época, chegou a ter 7,5 mil empregados trabalhando. Todas as usinas hidrelétricas construídas no Brasil nesse período, como Itaipu, Tucuruí, Xingó, entre outras, possuem equipamentos Lorenzetti. Mas o que parecia ser a maior tacada da empresa, porém, se transformou numa enorme enrascada.

Desafios no caminho da Lorenzetti

Notícia do Jornal de S. Paulo sobre a inflação

O governo atrasou os pagamentos. E como a inflação, naquela época, chegou a 85% ao mês e não havia correção monetária dos contratos, os atrasos minaram a saúde financeira da Lorenzetti. Em 1989, o Plano Collor deu o golpe de misericórdia. O congelamento do passivo público fez a Lorenzetti pedir concordata. A década de 90 foi muito difícil para a empresa. Ela teve que encolher, vender fábricas, terrenos e fazendas para pagar impostos e funcionários.

Para voltar a crescer, a estratégia da Lorenzetti foi usar a marca, ainda forte, e sua rede de distribuição para vender novas linhas de produtos que tivessem afinidade com o que havia sido feito no passado. Primeiro, inovou mais uma vez ao lançar as primeiras duchas eletrônicas: Jet Master e Jet Turbo com pressurizador incorporado E também colocou no mercado uma nova unidade de negócio: a linha de aquecedores de água a gás.

Mas só em 2001, as contas foram finalmente equilibradas. A reestruturação da companhia foi feita sem ajuda de consultores externos. Em 2003, a empresa começa a atuar no mercado de Metais Sanitários, com uma linha completa de produtos. Acabou dando certo e em pouco tempo a Lorenzetti já estava entre os maiores fabricantes do país. A empresa voltou a crescer e investiu em duas novas fábricas – aumentando significativamente a capacidade de produção. Instaladas também em Mooca, as unidades ocupam uma área de 24mil m². A mudança principal foi em relação ao mercado. Em vez de poucos e grandes clientes – como o governo federal – a empresa optou por voltar-se ao consumidor, pulverizando suas fontes de receita.

Produtos da Lorenzetti em exposição

Aldo Lorenzetti – filho de Eugênio Lorenzetti e então presidente da companhia – e Eduardo Coli, vice-presidente executivo, gostavam de se debruçar sobre dados econômicos e demográficos. Num desses encontros para estudar a economia brasileira, decidiram que o futuro da Lorenzetti deveria acompanhar a evolução social do país. 

Por isso, em 2010, lançaram uma linha de metais sanitários – como torneiras e porta-toalhas  – para a classe C. Produtos com um design muito semelhante ao das linhas mais caras, só que com preços bem acessíveis. Já em 2014, a empresa colocou à disposição do mercado uma linha de lâmpadas LED e, em 2015, complementa o seu portfólio com modelos fluorescentes de alta potência para uso industrial e comercial. Depois de um longo período difícil, a Lorenzetti finalmente voltava a respirar com mais tranquilidade

Os dias de hoje

Imagem do vídeo comemorativo de 100 da empresa

Em 2023, a Lorenzetti vai completar 100 anos. E, como você pôde acompanhar, nesses anos todos a companhia sempre esteve à frente de diversas inovações. A empresa ampliou seu faturamento líquido em quase 55% entre 2019 e 2022 – período que contou com o estímulo às reformas domésticas vindo do isolamento provocado pela recente pandemia. Em 2020, a Lorenzetti teve um faturamento record de R$ 1,82 bilhão, com crescimento de 22,5%, muito acima dos 10% projetados antes da pandemia. E no ano passado, a companhia fundada por Alessandro Lorenzetti apresentou um lucro líquido de 292 milhões de reais e a receita chegou a 2,2 bilhões de reais.

O chuveiro elétrico segue sendo carro-chefe da empresa, mas a Lorenzetti continua diversificando a produção. Em 2021, a empresa anunciou um investimento de 200 milhões de reais na sua fábrica de louças sanitárias em Poços de Caldas – Minas Gerais – a única operação fora da capital paulista. Ao todo, são cinco fábricas no Brasil – com distribuição nacional e internacional. 

No caso dos chuveiros, por exemplo, a Lorenzetti exporta para 45 países da América Latina e África – o que corresponde por cerca de 13% das vendas. A companhia segue ocupando a mesma área no bairro da Mooca – com quatro de suas plantas industriais no local – e não pensa em se mudar. Pelo contrário, a empresa adquiriu terrenos adjacentes e, em 2021, a capacidade produtiva do local foi ampliada em 37%.

Foto aérea dos terrenos comprados

Ao mesmo tempo, a Lorenzetti é reconhecida por ter uma cultura muito forte de valorização de seus colaboradores. E não são poucos, são cerca de 4.300 empregados atualmente. Um dos símbolos dessa relação com os trabalhadores é a encarregada de produção Maria Aparecida Corrêa Cordeiro, a Dona Cida. 

Em 2012 ela entrou para o Guiness Book como a funcionária brasileira que ficou mais tempo na mesma empresa. Dona Cida entrou na Lorenzetti em 18 de julho de 1939 e permaneceu trabalhando durante 70 anos seguidos na companhia. Com uma trajetória marcada por inovação, pioneirismo e transformação, a Lorenzetti segue sendo líder no segmento de duchas, chuveiros, torneiras elétricas e aquecedores de água a gás 

E se destaca nos mercados de louças, assentos, metais e plásticos sanitários, purificadores de água, pressurizadores e lâmpadas, refletores, painéis e spots. É motivo de orgulho pra todos nós brasileiros e a gente se sente privilegiado de poder contar essa história por aqui.

Se quiser assistir esse documentário no nosso canal do YouTube, segue o link:

As mais recentes

Cadastre-se na nossa Newsletter