O primeiro tênis a transcender o basquete, a moda e a cultura pop pra se tornar um símbolo de excelência e de auto expressão. Desde sua estreia, em 1985, até os dias atuais, o Air Jordan foi usado por alguns dos maiores atletas e influenciadores de nosso tempo e inspirou inúmeros fãs ao redor do mundo – incluindo o carismático cantor Naldo Benny.
Recentemente, a marca Jordan ultrapassou pela primeira vez os cinco bilhões de dólares em receita anual. E isso é o mesmo que dizer que Michael Jordan ganhou mais de US$ 150 milhões com royalties da Jordan Brand em apenas um ano. Cento e cinquenta milhões de dólares! É quase o dobro de seus ganhos na NBA durante toda sua carreira em um único ano de vendas do famoso tênis da Nike.
Mas todo esse sucesso só foi possível devido ao talento e a coragem de um icônico personagem: Tinker Hatfield.
GOAT
Era o início dos anos 80, a Nike ainda era uma estrela em ascensão na indústria de calçados esportivos e lutava para competir com outras marcas como Adidas, Puma e Reebok. A empresa enfrentava dificuldades e chegou a ver seu valor de mercado cair pela metade em pouco tempo.
Enquanto isso, Michael Jordan, um jovem jogador de basquete da Universidade da Carolina do Norte, estava começando a se destacar como uma grande promessa no esporte. E já chamava a atenção das marcas esportivas da época. De olho em uma grande oportunidade, a Nike ofereceu a Jordan US$ 500 mil por ano – em dinheiro por cinco anos de contrato, esperando que pudesse convencê-lo a entrar a bordo.
Jordan negou a oferta porque tinha um claro desejo de trabalhar com a Adidas. O problema foi que a Adidas não era realmente uma opção para Jordan, já que a empresa estava passando por uma mudança de liderança na época.
A Converse, marca do tênis que Jordan usava enquanto jogava pela Universidade, também queria assinar com o jovem atleta, mas já tinha celebridades como Magic Johnson e Larry Bird no time. O que acabou afastando o garoto.
Em 1984, a Nike finalmente consegue assinar um contrato de patrocínio com Michael Jordan, na esperança de usar seu poder de estrela para lançar uma nova linha de tênis de basquete: o Air Jordan. O escolhido para ser o designer do projeto: Peter Moore. Que logo começou a trabalhar em um tênis que seria diferente de tudo que já havia sido visto antes.
Não demorou muito e o primeiro tênis ficou pronto. O primeiro Air Jordan foi originalmente lançado nas lojas em abril de 1985 e acabou virando um sucesso instantâneo. O tênis de Moore surgia em preto e vermelho, em alusão às cores do Chicago Bulls.
A Nike inicialmente definiu uma meta de vendas de U$ 3 milhões para os três primeiros anos de venda. Mas somente um mês de lançamento foi suficiente para a Nike faturar mais de US$ 70 milhões com o novo tênis do astro do basquete. Chegando a mais cem milhões de dólares no final do ano. Rapidamente, o contrato da empresa com o novo astro do basquete demonstrou que tinha um enorme potencial e que a Nike deveria tratá-lo com muito carinho.
DOS PRÉDIOS AO JORDAN
Foi nesse mesmo ano, que outro jovem talentoso se aventurou em uma nova experiência dentro da própria Nike. Tinker Hatfield era arquiteto e estava acostumado a projetar os prédios de escritórios e as lojas de varejo da marca. Até decidir participar de uma competição de design de 24 horas feita pela empresa, para agitar as coisas.
Tinker ganhou a competição e acabou se juntando à equipe de design depois de implorar para participar. Dois anos depois, ele recebeu seu primeiro projeto: o Nike Air Max 1. Inspirado por um prédio em Paris, Hatfield projetou uma sola com “bolhas” para expor as “entranhas” do sapato.
Os executivos da Nike disseram que ele tinha ido longe demais, mas as vendas simplesmente explodiram.
Tudo parecia estar indo bem, até que Rob Strasser, o vice-presidente da Nike, e Peter Moore, designer-chefe do Air Jordan I e II, decidiram deixar abruptamente a Nike em 1987. A ideia era lançar o seu próprio negócio de calçados. Para desespero da Nike, o contrato com Jordan estava chegando ao fim.
Sabendo disso, Peter Moore planejou uma jogada ousada. Como parte de seu plano para roubar Michael Jordan da Nike, o designer-chefe levou todos os seus designs do Air Jordan III com ele. O problema era que a Nike estava programada para apresentar o Air Jordan III a Michael Jordan em 5 semanas. E simplesmente não tinha nada, todo trabalho estava perdido.
CHAMA O ARQUITETO
Pra resolver a situação, a Nike escolheu o novo designer: Tinker Hatfield. O jovem arquiteto embarcou em um avião para se encontrar com Michael Jordan na Califórnia. Faltando apenas cinco semanas para a apresentação da Nike, Hatfield queria decifrar exatamente o que o astro do basquete queria em um tênis.
O designer voltou para Oregon, sua cidade natal, com instruções claras do que deveria fazer e logo começou a trabalhar no novo projeto. O sucesso do novo tênis era imprescindível para a permanência de Jordan na Nike. O Goat ainda não estava satisfeito com o desempenho do Air Jordan 1 e 2. Ele queria mais.
Três semanas depois, um novo problema. Phil Knight – CEO da Nike – e Tinker Hatfield estavam novamente voando ao encontro de Jordan na Califórnia. Dessa vez, para finalmente apresentar o Air Jordan III ao astro. Ao chegar, Jordan se atrasou mais de quatro horas para a reunião. E o motivo do atraso é que era o grande problema: ele estava jogando golfe com os ex-funcionários da Nike, Rob Strasser e Peter Moore.
Obviamente que a antiga dupla da Nike não estava interessada em uma simples partida de golf. Os dois apresentaram oficialmente ao astro do basquete um acordo completo de vestuário e tênis para sua nova empresa: a Van Grack. Depois de chegar à reunião e contar a Phil Knight sobre a proposta que recebeu, Jordan ainda disse: “mostre-me o que você tem”.
Eis que o talento de Hatfield entra em jogo. Com MJ pronto para deixar a Nike, Phil Knight chamou Tinker Hatfield para apresentar seu projeto. Hatfield apresentou o novo modelo do Air Jordan lll e uma linha completa de roupas e acessórios da marca. Além disso, sem avisar a ninguém – nem mesmo ao fundador da Nike – Tinker resolveu dar ênfase ao logo do “Jumpman”, ao invés de utilizar o tradicional logo da empresa.
Tinker fez tudo sob absoluto sigilo, pois sabia que a Nike diria ‘não’ para sua ousada cartada. Mas no final, para a alegria de Tinker, as expectativas do astro foram totalmente superadas com o novo modelo. Jordan se apaixonou pela ideia de construir sua própria marca e decidiu continuar com a Nike. Tinker Hatfield havia convencido um dos maiores jogadores da história do basquete mundial a assinar um novo contrato!
O Domínio dos Jordan
Depois que Michael Jordan se apaixonou pelo design do Air Jordan III, o resto é história. Com o astro do basquete usando o novo modelo no icônico concurso de enterradas, e uma brutal campanha publicitária estrelada meses depois ao lado de Spike Lee, as vendas do novo tênis simplesmente explodiram. Logo, a Nike passou a dominar o mercado de tênis para basquete nos EUA.
Hoje, a marca Jordan gera mais de US$ 5 bilhões em receita anual para a Nike e é amplamente considerada a melhor parceria da história do esporte. O Air Jordan é considerado uma febre mundial entre os jovens. E o ex-atleta ganhou mais de US$ 1 bilhão com a Nike, arrecadando mais de US$ 150 milhões em royalties todos os anos.
Em seu acordo de licenciamento, Jordan recebe aproximadamente 5% das vendas da Jordan Brand diretamente em seu bolso. Mas a Nike deve muito de seu sucesso a essa parceria. Entre 1988 e 2020, as ações da Nike tiveram uma valorização de mais de 42.000%
No final, o logotipo Jumpman de Michael Jordan se tornou mais famoso do que o próprio logo da NBA. Tinker Hatfield certamente não é único responsável por esse sucesso, mas sem seu talento e ousadia, nada disso seria possível.
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