Derivativos e o prejuízo bilionário da Sadia

Relembre a história de como a Sadia quase foi à falência apostando no mercado de derivativos cambiais.

Poucas empresas brasileiras foram tão afetadas quanto a Sadia durante a crise de 2008.

Mesmo com um faturamento de mais de R$ 12 bilhões, em 2008 a gigante do setor de alimentos registrou seu primeiro prejuízo anual da história.

A causa desse prejuízo, no entanto, não teve relação nenhuma com a sua operação.

Relembre a história de como a Sadia teve um prejuízo bilionário e quase foi à falência ao apostar no mercado de derivativos.

A Sadia

Sadia

Fundada por Attilio Fontana em 1944 na cidade de Concórdia, em Santa Catarina, a Sadia logo se tornou referência no segmento de carnes e industrializados no Brasil.

Com uma operação eficiente e a construção de uma marca forte, a companhia cresceu de forma acelerada e no início da década de 1970 abriu seu capital na Bovespa.

Nos anos 1990, uma nova geração da família assumiu o comando do negócio, dando início a mais uma fase de forte expansão.

Considerada a marca de alimentos mais valiosa do Brasil em 2001, 2003, 2004 e 2005, a Sadia era a potência do setor no início dos anos 2000.

Seu valor de mercado havia saltado de US$ 450 milhões em 1994 para US$ 3,8 bilhões no final de 2007.

Porém, tinha algo estranho nas demonstrações financeiras da companhia.

Enquanto o resultado de operações financeiras representavam em média 10% do lucro das empresas do setor, na Sadia esse número era muito maior.

No total, cerca de 43% do lucro da companhia estava vindo de transações financeiras.

As operações eram realizadas pela tesouraria da empresa, através de instrumentos derivativos que apostavam na queda do dólar.

Dessa forma, quanto mais o dólar caía, mais a Sadia lucrava. Até que veio a crise de 2008…

Um prejuízo bilionário

Com o estouro da crise financeira global e a quebra do banco Lehman Brothers, o dólar disparou rapidamente e causou um rombo no caixa da Sadia.

Sendo assim, quanto mais o dólar subia, mais a empresa perdia dinheiro. A cada alta da moeda, uma nova chamada de margem.

Em setembro de 2008, o caixa da companhia foi de R$ 1,8 bilhão no início do mês para R$ 300 milhões no dia 15.

Em março de 2009, veio a divulgação do balanço e o resultado foi um rombo de R$ 2,48 bilhões em 2008.

Esse foi o primeiro prejuízo da história da companhia, que na época tinha 64 anos.

Mesmo com uma receita de R$ 12,2 bilhões e um crescimento de 23% referente à 2007.

Sendo assim, restou apenas uma alternativa para salvar a empresa: a fusão com a sua principal concorrente, a Perdigão.

Brasil Foods

Fusão entre Sadia e Perdigão

Após meses de negociação e o apoio do governo para salvar a Sadia da falência, em maio de 2009 foi anunciada a criação de uma gigante do setor: a Brasil Foods, que depois viria se chamar apenas BRF.

Entre altos e baixos nos anos seguintes, a BRF conseguiu se consolidar como uma das maiores empresas do mercado.

Atualmente, a companhia possui um valor de mercado de mais de R$ 28 bilhões e 100 mil colaboradores espalhados por 127 países.

Os executivos envolvidos com a operações de derivativos em 2008 foram afastados da companhia e responderam processo na justiça.

Mas e você, conhecia a história do prejuízo bilionário da Sadia?

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