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O golpe de US$ 65 bilhões

Entenda como Bernie Madoff enganou milhares de investidores na maior fraude financeira da história.

O fatídico ano de 2008 se encaminhava para o fim até que mais uma notícia bombástica pegou o mundo das finanças de surpresa.

Numa quinta-feira, 11 de dezembro de 2008, um dos investidores mais respeitados de Wall Street era preso sob acusação de ter sido o mentor de uma pirâmide financeira envolvendo bilhões de dólares.

Esse investidor era Bernard Madoff, ex-presidente da Nasdaq e uma figura com quase 50 anos de mercado.


A ascensão

Filho de um casal de imigrantes do leste europeu de origem judaica, Bernie Madoff, como era conhecido, construiu do zero a sua história em Wall Street.

Em 1960, ele fundou a Bernard L. Madoff Securities, uma empresa de investimentos cuja principal função era fornecer liquidez ao mercado.

A empresa logo se tornou um dos principais formadores de mercado dos Estados Unidos, fazendo de Madoff um player importante no processo de modernização das operações realizadas na bolsa.

Tamanho prestígio e o protagonismo na modernização do mercado de valores mobiliários americano, fez com que alcançasse o importante cargo de presidente da Nasdaq no início dos anos 1990.

Já com décadas de mercado e uma reputação invejável, Madoff passou a atuar no segmento de gestão de recursos, ou seja, investindo o capital de terceiros.

Muito bem relacionado, especialmente dentro da comunidade judaica de Nova York e Long Island, Madoff começou investindo o dinheiro de amigos, familiares e conhecidos que frequentavam o Country Club da cidade.

E os resultados não decepcionaram.

O mago

Madoff não falava sobre seus métodos de investimentos.

Tudo o que se sabia era que ano após ano, seu fundo de investimentos entregava retornos consistentes, mesmo em períodos difíceis no mercado.

Logo, a aura de exclusividade e a fama de Madoff foi se espalhando pelo mercado, atraindo a atenção de hedge funds, private banks, bancos globais e diversos outros investidores institucionais.

Além das instituições, celebridades e indivíduos de altíssima renda também começaram a investir com ele.

Entre as grandes personalidades estavam, Steven Spielberg, o ator Kevin Bacon, o prêmio Nobel da Paz, Elie Wiesel e a família Wilpon, proprietária do New York Mets.

Com a reputação de mago das finanças, Madoff foi recebendo cada vez mais dinheiro para investir no seu fundo de investimentos.

Com isso, ele mantinha um estilo de vida opulento, sendo dono de diversas propriedades de luxo em Manhattan, Hamptons e Palm Beach, além de barcos e um jato particular.

Muito voltado para a filantropia, Madoff era presença garantida na maioria dos eventos da alta sociedade americana.

Porém, o que ninguém imaginava era que tudo não passava de uma grande farsa.

A queda

Com o pânico tomando conta dos mercados durante a crise financeira de 2008, Madoff começou a receber uma onda de resgates no seu fundo de investimentos.

No total, foram solicitados cerca de US$ 7 bilhões pelos investidores.

O problema era que Madoff tinha apenas US$ 200 milhões disponíveis para o pagamento.

A fraude estava exposta. Tudo não passava de uma pirâmide financeira.

Sem alternativas, Madoff confessou o crime ao seu filho, que o entregou para a polícia no dia seguinte.

Esquema Ponzi

Foi constatado que a pirâmide durou quase 20 anos, e que Madoff não realizou nenhuma negociação com os recursos dos investidores.

Todo o dinheiro ia para a sua conta pessoal no Chase Manhattan Bank.

Sendo assim, como uma clássica pirâmide financeira, Madoff pagava os investidores mais antigos com o dinheiro dos investidores que chegavam por último.

Segundo as investigações, Madoff começou a falsificar os demonstrativos do fundo com a estagnação do mercado durante a crise do golfo em 1990.

Para agradar investidores institucionais, ele continuou maquiando os números ao longo dos anos, mantendo a operação da sua área de investimentos segregada da operação de formação de mercado, que continuava funcionando de forma legítima.

Apenas alguns funcionários de confiança tinham acesso ao escritório onde ocorreu a fraude, que ficava em um andar separado do restante da empresa.

Em 2009, Bernie Madoff foi condenado a 150 anos de prisão.

O golpe afetou cerca de 37 mil investidores em 136 países, inclusive no Brasil.

Os relatórios da Bernard L. Madoff Securities indicavam que a empresa possuía US$ 65 bilhões sob gestão, contudo, foi constatado que esse valor era inflado artificialmente.

No total, Madoff chegou a administrar cerca de US$ 17 bilhões. Ainda sim, o maior da história dos Estados Unidos.

Bernard Madoff morreu na prisão em Butner, na Carolina do Norte no dia 14 de abril de 2021.

Cerca de US$ 13 bilhões foram recuperados pelo liquidante do extinto fundo de Madoff.

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